No mês de Agosto de 2020, o Google divulgou um estudo realizado com base em seus termos de busca no mesmo ano sobre racismo estrutural.
Foi revelado um recorde mundial sobre pesquisas relacionadas a esse tema. Isso mostra uma curiosidade sobre o assunto e também uma mudança que certamente está ocorrendo no mundo.
Mas apesar de todas as dificuldades de 2020, o Brasil nunca procurou tanto sobre racismo como neste ano.
Então será que podemos ter esperança de novos tempos?
Veja mais sobre o assunto e também o estudo do Google em detalhes!
Afinal, o que é racismo estrutural?
Racismo estrutural é a formalização de um conjunto de práticas institucionais, históricas, culturais e interpessoais dentro de uma sociedade que frequentemente coloca um grupo social ou étnico em uma posição melhor para ter sucesso e ao mesmo tempo prejudica outros grupos de modo consistente e constante causando disparidades que se desenvolvem entre os grupos ao longo de um período de tempo.
Resumidamente falando, trata-se de um conjunto de práticas, hábitos, situações e falas embutidos em nossos costumes e que promove, direta ou indiretamente, a segregação ou o preconceito racial.
Um bom exemplo disso são as falas pejorativas incorporadas no nosso vocabulário, como: denegrir, dia de branco, a coisa tá preta…
Também podemos usar como exemplo aqui o preconceito “não admitido” que faz os seguranças das lojas “prestarem maior atenção” nos visitantes negros. É quando você assume que o menino negro na rua é um bando, ou a mulher negra é uma empregada/funcionária, ou que o cara negro de terno é o segurança do prédio enquanto um branco com o mesmo terno é um empresário.
Você já parou pra pensar quantos filmes de Hollywood são protagonizados por negros? (sem a temática escravidão).
De acordo com um relatório da Universidade do Sul da Califórnia (USC), os negros representam apenas 12,5% dos personagens em filmes.
Você saber quantos negros venceram um Oscar desde o inicio da premiação? Em 87 anos de premiação, foram 2.900 indicados ao Oscar. Desse número, apenas 32 negros ganharam a famosa estatueta dourada.
Entre eles, somente 14 atores e atrizes ganharam o reconhecimento por seus trabalhos na atuação. Porém, muitos venceram interpretando papéis estereotipados como escravos, pessoas abusivas ou submissas.
Isso foi apenas um exemplo utilizando os filmes e o universo de Hollywood. Mas ele também se encaixa em chefes de empresas, cargos de poder no governo e muito mais.
A Composição étnica do Brasil
A composição étnica e racial da sociedade brasileira é resultado de uma mistura de pessoas de várias origens étnicas diferentes, dos povos indígenas originais, negros africanos, dos colonizadores portugueses, e de posteriores ondas imigratórias de europeus, árabes e japoneses, além de outros povos asiáticos e de países sul-americanos.
Há uma diferença entre os conceitos de raça e etnia.
Raça é uma construção social utilizada para distinguir pessoas em termos de uma ou mais marcas físicas, dentre elas a cor, que são socialmente significativas.
Desse modo, a raça é um termo sociológico e não biológico.
Em termos biológicos considera-se que há apenas uma raça humana.
Um grupo étnico, por outro lado, corresponde a uma categoria de pessoas cujas marcas culturais percebidas são consideradas socialmente significativas.
Os grupos étnicos diferem entre si em termos de língua, religião, costumes, valores, ancestralidade entre outras marcas culturais.
O Brasil pode ser apontado como um exemplo de que o conceito de raça é uma construção social,e que o entendimento de raça pode variar em diferentes sociedades.
Nos séculos XIX e XX, a cultura brasileira tem promovido uma integração e miscigenação racial. No entanto, as relações raciais no Brasil não têm sido harmônicas, especialmente em relação ao papel de desvantagem dos negros brasileiros e indígenas.
Esses grupos foram fortemente explorados no período colonial do país, que tendem a ocupar posições menos prestigiadas na sociedade brasileira moderna, além das questões de choque cultural e dificuldade de preservação étnico-racial no país.
A análise de marcadores genéticos revela que o brasileiro médio possui, de forma decrescente, ancestralidades europeias, africanas e ameríndias.
O estudo do Google:
De acordo com o estudo realizado pelo Google, o Brasil nunca buscou tanto por racismo quanto em 2020.
Junho deste ano foi o mês recorde de interesse pelo assunto no país desde 2006.
Consultas sobre como o racismo se manifesta também dispararam.
O interesse na pergunta “O que é racismo estrutural” foi recorde em 2020.
Casos específicos de violência contra negros dentro e fora do país despertaram o interesse dos brasileiros sobre temas como “privilégio” e “privilégio branco”, que também bateram recorde na busca.
O estopim para as buscas por igualdade racial foi a morte de “George Floyd”, estrangulado por um policial branco. Em maio, “George Floyd” foi o termo de maior alta nas buscas em todo o mundo.
Desde o final de maio, as buscas por “Black Lives Matter” cresceram quase 50 vezes.
No Brasil, a busca pelo termo em português, “Vidas negras importam”, atingiu recorde de interesse em junho de 2020.
Entre maio e junho, em meio à investigação sobre a morte do adolescente João Pedro Mattos Pinto, as consultas por violência policial bateram o recorde da última década.
Consultas sobre formas de lutar contra o racismo deram um salto.
Nos últimos 90 dias, o Brasil foi um dos cinco países que mais buscaram por “antirracismo” em todo o mundo.
Vozes negras, como Djamila Ribeiro e Silvio Almeida, estão sendo buscadas como nunca antes.
“Livros sobre racismo” em 2020 teve o dobro de interesse ante 2019.
“Lugar de Fala”, de Djamila Ribeiro, nunca foi tão buscado quanto em 2020.
Enfim, mas não menos importante, “Como combater o racismo” atingiu o ponto mais alto da década nas buscas!
Certamente, com esse estudo, podemos verificar uma mudança de comportamento em nossa sociedade e no mundo também.
A curiosidade é capaz de transformar qualquer coisa, e o primeiro passo para essa transformação pode ser uma rápida busca no Google.
Agora, cabe a cada um de nós continuar o movimento em defesa da igualdade racial!